sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Modelismo de Carlos Mariano

Em manutenção 27/10/2010
INTRODUÇÃO
Construção do modelo modificado da Canoa da Picada. Uma extraordinária maqueta com o comprimento fora a fora de 145 cms e de boca 46 cms à escala aproximada de 1/9.

Fotos de 1 a 5 para se avaliar a qualidade desta obra invulgar.

Foto 1





Foto 2





Foto 3

Foto 4




Foto 5


O Artista e a sua Canoa da Picada ... Incrível, de construtor a mestre de navegação,(um autêntico skiper) aqui o vemos a testar a navegabilidade!


Carlos Mariano é um modelista, cujo grau de perfeição nos modelos navegáveis por si construidos não deixam ninguem indiferente.

seguindo rigorosamente as regras de Carpintaria Naval,
a par da sua mestria construiu este modelo único duma Canoa da Picada

com um acabamento primoroso, quer na pintura exterior do casco, como no envernizamento do convés sem omitir a "patine" de acessorios em pontos de fixação e de controlo (talhas) do aparelho vélico.

Sendo um técnico electromecânico de profissão, iniciou-se no Modelismo Naval desde muito novo e hoje passadas algumas décadas tem ainda como lema: dificuldades são apenas meros desafios.

Perfeccionista como poucos, estamos perante alguem duma modéstia invulgar sempre disposto a ajudar nesta saga da mini construção náutica, onde só labutam verdadeiros entusiastas.

Para finalizar direi que este artista se dedica de alma e coração a reproduzir maquetas rádio comandadas de embarcações tradicionais já desaparecidas há muito.

Foram algumas caracteristicasas da polivalencia deste extraordinário mestre conhecido já por alguns modelistas franceses como " o Mãosinhas de Ouro"...

Segue-se uma galeria fotográficaaté há bem pouco tempo, previlégio apenas de alguns fóruns...
Mais de 100 fotos legendadas por odem cronológica da execução de toda a obra..(ainda não estão todas...)


Para "ampliar" uma foto colocar o cursor sobre a legenda"ver em detalhe"e actuar no botão esquerdo do rato. Para "regressar" ao blog, clicar na flecha do canto esquerdo superior acima da imagem. (Tudo se resume num acesso temporário ao programa Picasa do Coogle).


Ponto de partida para esta "aventura."
Museu da Marinha em Lisboa! Em exposição este modelo estático duma Canoa da Picada, construido a partir dum plano experimental.





Maqueta da Coqueta Fatinitza. Semelhante á anterior, é o modelo da embarcação que chegou até aos nossos dias e igualmente exposta no Museu.


Tamanho real...




Vista da ré, a graciosidade do painel da popa...do leme e da quilha!





Porque se chamava Canoa da Picada a esta embarcação?
Século XIX, princípio do século XX abundavam estes barcos nos rios Tejo, Sado e na Costa Sul nos portos de Olhão e Fuseta. Utilizados na faina e no comércio de pescado, mediam entre os 15 e os 17 metros.

Operavam na pesca do alto, mas a principal actividade era a transacção de peixe em pleno mar. Faziam as vezes de enviadas das igualmente desaparecidas Muletas, transportando o pescado para o porto de origem.

Á sardinha, "desenvasada" das redes para o convés da canoa, antes de acondicionada no porão era-lhe adicionada sal, mais própriamente salpicada... daí a designação de canoa da picada ...
Carlos Mariano ao estudar estas duas maquetas e a embarcação real assim como os planos disponíveis idealizou uma embarcação semelhante, mas de lazer, daí o modelo cuja construção iremos acompanhar sem haver contudo qualquer intenção didáctica.

A primeira análise consistiu no plano experimental de carpintaria naval. (origem - arquivo do Museu da Marinha)





Assim como neste mostrando o velame.


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Início da construção: falsa quilha em contraplacado, e pinho... este como reforço da proa.


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Cavernas descartáveis em MDF de vante até á caverna mestre. Servirão para "enformar" o casco...




Painel da popa seguido das restantes cavernas em direcção ao centro do modelo.




Preparação da quilha para ser montado o balastro de equilibrio na navegação.





Pormenor do reforço na proa, em madeira de pinho.



Construíndo a quilha e o alefriz.




Entalhe para aperto da quilha móvel.



Na estrutura perto de onde irá ser instalado o painel da popa, vê-se um furo para o veio do leme. (não confundir com o buraco da mesa de trabalho...que ás vezes até deu jeito para efectuar cortes...nesta peça...)



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Armação da quilha em "sanduiche de madeira e contraplacado"contribuindo para a sua solidez. Um moroso requinte técnico...



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Aperto na estrutura da quilha, com o auxilio de tubos metálicos de secção quadrada, para que durante a colagem não houvesse empenos.




É a altura de preparar o "estaleiro".




Montagem da primeira caverna descartável e ... ajustável. Considerada"flutuante" bem como às que se seguem, porque em caso de não alinhamento com as adjacentes permite a possibilidade de a subir como correcção.





Nem sempre um plano permite a montagem dum forro uniforme no casco. Uma das razões prende-se com erros dimensionais introduzidos quando o desenho é fotocopiado...

Nada como os descobrir com antecedencia, sendo para tal utilizada uma fasquia.
Voltaremos já a essa importante fase da construção em curso.




Pormenor da fixação das cavernas ao estaleiro, reparar no traço concêntrico adjacente que virá a ser um corte muito em breve.


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Voltemos á fasquia... Ao utiliza-la como guia, para verificar a continuidade do alinhamento curvilineo da sequencia das cavernas, reparamos que entre a 2ª e a 4ª há como que uma "depressão" indesejada.
Eis pois a grande utilidade deste método.




Menores irregularidades, que a observada, serão resolvidos com um pequeno taco adicionado ao contorno da caverna em questão e seguidamente nivelado.
Continuação do Alinhamento das cavernas. A 3ª caverna já corrigida! Como? Veremos mais tarde...




Na correcção do tal "afundamento" de há pouco subiu-se a caverna em relação ás outras como se pode ver na foto (a 3ª a contar da esquerda..) Daí o termo "flutuante"... criado pelo autor do modelo!
Nota: na base das cavernas aparafusadas á plataforma do estaleiro já é vísivel o tal corte.
Para que serve?





Cavername agora completo.





O corte que vimos era o início da abertura de acesso ao convés aqui já visível.





O casco agora na posição dita normal...




bela foto mostrando o interior do convés!



Esta 1ª régua do forro materializa a linha do convés e separa o futuro trabalho de forra exterior do casco, da forra da amura. É uma étape referencial na construção deste modelo.


Nota: as cavernas foram revestidas com fita adesiva transparente. Iremos saber porquê...




Popa não obedecendo a quaisquer planos! De início como já tinhamos referido há dois modelos de canoas da picada no Museu, sendo o primeiro, resultado de um plano experimental cuja popa é quadrada...o segundo representando a canoa Fatinitza apresenta esta parte da embarcação em redondo.


Nenhuma destas configurações interessou a Carlos Mariano motivado em criar uma réplica duma Canoa da Picada... mas de recreio. Algo que nunca existiu...Impunha-se uma modificação radical sem utilização de quaisquer desenhos de carpintaria.





Colocação da tábua de resbordo junto á quilha.





Torção, com auxílio dum grampo, na extremidade da dita régua no lado da proa e respectiva colagem na quilha.





A régua de rebordo mantem-se na horizontal menos no lado da proa.
Pequenos calços para a "aconchegarem" á quilha servem para manter um espaço destinado á passagem duma cobertura em fibra de vidro. Seguidamente será ainda efectuada uma 2ª e última forra de madeira que será a de acabamento.
Processo de montagem em sandwich, duas forras de madeira intercaladas com material compósito oculto resultou numa óptima resistencia do casco! Este modelo irá navegar...





Última torção exercida sobre a régua que ficará tambem na vertical, mas agora no lado da popa!





A parte central da régua de rebordo manteve-se na horizontal como se pretendia.






Curva na régua de forro já na popa. Na ausencia de planos deu-se início á modelagem...






Primeiro forro do casco a partir da quilha.




Tubos em ferro de um e de outro lado, actuam como talas evitando que a quilha empene devido á tensão provocada pelo assentamento das tábuas de forro.




Melhor perspectiva do que acabou de ser observado na foto anterior.






Primeira forra pronta.






Construindo a popa com foam para posteriormente ser revestida com a primeira forra.






Aplicando a fibra de vidro de 200 gr.



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Atenção, a resina é "batida" (não pintada) com o pincel.



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Colagem das cintas de madeira para a segunda forra.


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Colocando algumas réguas de forro equidistantes umas das outras para facilitar o preenchimento do casco.


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Continuação do forro.




Vista de frente - progresso da forra.






Segunda forra quase completa.




As cavernas começam a ser retiradas... são descartáveis.






Cavernas descartáveis em evidencia.






Casco sem cavernas. Parte superior da armação da quilha vai ser retirada.





Estaleiro que possibilitou a construção do casco.


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Ínicio da montagem das cavernas finais de reforço bem como prolongamentos intermédios que simulam a existencia de maior quantidade.





Continuação da montagem anterior.





Montagem do cintado mais saliente que o forro.





Notar a alcacha (rebaixo entre as cintas onde irão ser colocados os adornos de madeira).







O mesmo rebaixo visto da popa.





Pormenor da alcacha ainda sem adornos.




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Vista geral do interior do casco até á proa.






vista geral do interior do casco até á popa.







Meio molde de cartão para delinear o contorno do poço.







Estrutura redonda do poço, reforçada em volta.



Reforços dos vaus (madeiros que constituem a estrutura do convés) quase prontos.







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Aqui vê-se em pormenor a montagem das aposturas verticais que reforçam a borda (amurada) assim como os reforços horizontais que seguram os vaus.







A vela latina tem uma dimensão impressionante! A canoa necessita, ao navegar, dum lastro com cerca de 10kg a ser montado sob a quilha.







Talhas, cadernais e moitões com os respectivos gornes visualizados nesta imagem tanto do aparelho fixo do mastro principal como no de controlo da vela bastarda. De reparar no contorno em mogno do poço.




Detalhe do servo enrolador da escota da vela bastarda.




Na montagem do mastro da catita ou mezena é de realçar dois cabos de aço (patarrazes) que seguram o pau do botalo (mastro deitado para a ré).


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vista mais abrangente da montagem do mastro da catita.





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Em pormenor a verga da vela içada e encostada ao mastro principal.


Aparelho do mastro formado por duas enxarcias e dois ovens tesadas para bigotas fixas aos bordos por meio de cabos de manobra (colhedores).




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Controlo do leme ...por cremalheira



Fixação por ferragens do botaló que permanece imóvel, ver as enxarcias do mastro da mezena.



Terminada a pintura com tintas de poliuretano,
resultando numa excelente lacagem plastificada.

Maqueta vista de popa


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Reforço em latão da roda de proa continuando pela quilha.







Mesa das malaguetas


Cunho de amarração da escota





Convés completo













Escultura em madeira para os adornos da proa e da popa



Vista da popa





Bela foto para finalizar




 
Os meus sinceros agradecimentos ao
Mestre Carlos Mariano
na ajuda á elaboração deste extenso BLOG para alguns...mas que para outros pecou por terminar neste momento!

Octávio Oliveira oliveira.@sapo.pt